domingo, 4 de março de 2012

Último Verso

Último Verso
Meu último verso aflito
um grito
um gemido.
Gostaria que a morte
fosse assim...
Como uma mulher
bela  gostosa
e compreensiva.
E de me findar
nos braços de tal mulher
no ato do último gozo.
E que assim fosse.
Morte safada!


Copyright Tom Vital/03/03/2012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval

Carnaval
Quando eu nasci era carnaval
não havia anjo torto
nem anjo reto
nem anjo esbelto
nem anjo loiro.

Não havia anjinhos rosados
nem anjinhos obesos
nem anjinhos trigueiros
nem anjinhos pretos
nem flores 
nem nada...

Havia apenas uma bem raquítica
Fada Madrinha
saída de algum lugar perdido
lá dos confins do nordeste

Duendes,gnomos, sacis
mulas sem cabeças
lobisomens,lobigays
arlequins,pierrôs
e colombinas
invadiram o quarto.

Um simpático e horrendo duende
de gorro verde
puxou-me o pé.

Assustada com a confusão
que se formou
a fada madrinha
fugiu apressada
deixando para trás
sua varinha de marmelo.

O duende então 
subiu no berço
fitou-me os olhos longamente
disse nada não
apenas sorriu enigmaticamente
era surdo mudo o duende.

Conclui no final
minha vida será
(e tem sido )
um interminável
e psicodélico
quadro surreal 
um constante carnaval.
Copyright Tom Vital/22/02/1996